Coluna dos Acadêmicos

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CONFRADE/CONFREIRA e ACADÊMICO/ACADÊMICA

Acadêmico Mario Santoro Junior

Titular da Academia Brasileira de Pediatria (cadeira 28)

Titular da Academia de Medicina de São Paulo (cadeira 69)

Membro da Comissão de História da Academia Brasileira de Pediatria

Em recente troca de e-mails alguns acadêmicos demonstraram sua preferência ao termo acadêmico(a) para designar os membros da Academia em detrimento ao termo Confrade (Confreira ).

Posto que as academias são guardiães das tradições,motivo pelo quais seguem rituais em várias ocasiões, é pertinente analisar o tratamento formal cabível aos seus membros.

Afinal acadêmico(a) ou confrade (confreira )?

A bem da verdade em alguns pronunciamentos, naquela troca de e-mails, deu para perceber que a segunda expressão para alguns membros se mostrava arcaica.

Mas qual a origem da palavra confrade?

No blog Notícias Vicentinas (http://noticiasvicentinas.blogspot.com.br ,acessado em 29/10,2013 às 2 2horas ) lê-se a possível origem das palavras “confrade” e “ consôcia”:

“Muitos indagam sobre as reais origens das palavras “confrade” e “consócia”, empregadas no Brasil para designar os homens e mulheres que foram proclamados nas Conferências Vicentinas. Já ouvimos várias versões sobre essas origens. Contudo, uma resposta bastante convincente nos é apresentada no Livro “Aperfeiçoamento Espiritual e Caridade Cristã”, editado pela Fundação “Frederico Ozanam – Vicente de Paulo”, vinculada ao Conselho Nacional da Itália da SSVP, e que este Portal teve o privilégio de consultar. A Itália tem muito a nos ensinar, pois segundo recente levantamento divulgado pelo Conselho Geral Internacional (CGI), esse país europeu é o 4º no mundo em número de Conferências (1.553) e o 7º no mundo em número de membros ativos (14.667). Lendo o citado Livro, encontraremos as expressões “confratelle” para “confrade” e “consorelle” para “consócia”. A tradução ao pé da letra seria co-irmão e co-irmã. Portanto, observando como os confrades e consócias são chamados na Itália, e como o italiano é raiz de milhares de palavras em português, concluímos que a melhor explicação para a adoção das palavras “confrade” e “consócia” vem do italiano “confratelle” e “consorelle”. “

Os dicionários em geral dão a Confrade o seguinte significado :

“Aquele que é membro de uma confraria”

Ex :Os confrades se reunirão para definir metas da confraria.

E como sinônimos: irmão  colega  companheiro  camarada  confraria  confrades loja do confrade  produtos regionais  agregado  confrade  consócio  contijbernal  amigo  condiscípulo  comparsa  cúmplice  esposo  parceiro  sócio  igual  mano  sectário  semelhante  mais… 
Relacionadas: confraria  confrades loja do confrade  produtos regionais  mais… 

Etimologicamente a palavra vem do Latim;

Con frater do latim, com irmão.
Membro de uma irmandade confrádica

A Academia original foi uma escola fundada em 387  A.C. , próxima a Atenas , pelo filósofo Platão.A Escola era formada por uma biblioteca, uma residência e um jardim.Pela tradição esse jardim teria pertencido a Academius–herói Ateniense da Guera de Tróia  (século XII A.C ).Pode-se especular que seus membros viviam nesta residência como irmãos, portanto confrades.

Alguns esclarecimentos a mais pode-se obter a partir de um trecho do discurso de posse do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na Academia Brasileira de Letras onde se lê:

“….nesta solenidade cumprimos um ritual. Até na maneira pela qual nos dirigimos uns aos outros: chamamo-nos, um tanto fora do tempo, de acadêmicos. Mas é de rituais que se compõem as pegadas da história. Ao agradecer minha escolha aos confrades acadêmicos (não são essas as palavras rituais?) aceito-a com a consciência de que cumpro um papel e que, fora outro o eleito, do mesmo modo, esta Academia continuaria marcada pelo afã  de  mostrar  a  nós  mesmos  e  a  todos  que  o  que  importa  é  o  culto permanente  à  cultura,  à  língua  que  a  expressa,  à  paz,  à  liberdade  e  à dignidade  “humana,  valores  que  se  servem  de  nós,  mortais,  para permanecerem imortais” ( grifo é nosso ).

Portanto destaca  o novo imortal  : “chamarmo-nos uns aos outros de acadêmicos” e logo a seguir se refere  aos seus pares de “confrades acadêmicos “.

Enfim, é isso aí, confrades acadêmicos….ou confreiras acadêmicas (felizmente não se usa consôcia!!!)

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O que você precisa saber sobre consumo de bebida alcoólica durante a gravidez e síndrome alcoólica fetal (SAF)  

O consumo de álcool por uma mulher grávida tem grandes possibilidades de atingir o feto, levando-o a apresentar várias alterações em diferentes órgãos, bem como a desordens de comportamento, que não têm cura, e são conhecidas como síndrome alcoólica fetal (SAF).

Bebês que nascem com SAF têm alterações na face,  podem nascer com peso abaixo do normal e ter retardo mental, além de mal formações congênitas Eles têm problemas de motricidade,  aprendizagem, memória, fala, audição, atenção e para a resolução de problemas. São alterações  que se mostram principalmente na idade escolar e no relacionamento com outras pessoas.

Nem todos os bebês, porém, apresentam todos os sintomas da SAF, mas podem ter apenas dificuldades na aprendizagem e alterações no comportamento, que são reconhecidas tardiamente e recebem várias denominações como SAF parcial ou espectro de alterações relacionadas ao álcool (FASD na sigla em inglês).

Mulheres que consomem álcool e têm vida sexual ativa, não utilizando métodos anticoncepcionais, podem expor o bebê ao álcool antes mesmo de saberem que estão grávidas. Porém, nunca é tarde para parar. O quanto antes parar de beber, melhor para a gestante e para o bebê.

A exposição ao álcool durante a gestação, há que lembrar,  não resulta necessariamente em SAF. O  principal problema é que não se conhecem níveis seguros de consumo de álcool durante a gravidez abaixo dos quais o feto não será afetado.

A SAF/FASD não tem cura, mas pode ser 100% prevenida, se a mulher que estiver grávida ou desejar engravidas  não consumir bebidas alcoólicas”.

Dra. Conceição Aparecida de Mattos Segre

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A perigosa CULTURA DO PRONTO SOCORRO

Há poucos meses atrás, os jornais noticiaram com alguma indignação, que havia uma espera de 7 horas no atendimento dos prontos-socorros (PS) pediátricos.

No entanto, se tivéssemos nos aprofundado no assunto, provavelmente descobriríamos que quase 75% dessas crianças não deveriam estar na sala de espera do PS mas em serviços de saúde ou em contato com seus pediatras que poderiam ver as crianças ou dar uma orientação até ser possível examinar o paciente.

Por que motivo se vai tanto ao PS nos dias de hoje?

Nós vivemos na cultura do Pronto-Socorro (“esta noite eu corri ao PS”) que reflete a tirania da urgência vigente na sociedade atual. Tudo tem que ser urgente, imediato…

Mas porque se vai tanto ao PS (Pediatria) sem necessidade?

Os motivos mais alegados são:

* É perto de casa

* Funciona 24 horas por dia

* Não querem marcar consulta nem agendar o atendimento

* PS faz exames de laboratório Raios X, tomografia…

São motivos com certa lógica.

Então por que não se deve ir ao PS sem um motivo real?

PS é muito útil nas verdadeiras emergências mas pode ter efeito contrário quando não há um motivo real, porque:

1. PS só se preocupa com a URGÊNCIA

2. A criança é atendida por um médico que não conhece a criança … e que provavelmente nunca mais a verá

3. O plantonista é pressionado pelo sentimento de urgência e não recomenda algumas horas de observação que poderiam esclarecer o caso.

4. O plantonista é contaminado pela ansiedade da família e adota atitude defensiva

com pedido de exames nem sempre inócuos e prescrição de medicamentos supérfluos.

5. O atendimento no PS reforça a mentalidade de que os cuidados à criança se limitam a doença atual e assim prejudica a educação em saúde.

Por que se deve ir ao serviço pediátrico ou ao pediatra de confiança quando a criança está doente e mesmo periodicamente quando ela está sadia?

Com a melhoria da situação da população brasileira, a mortalidade infantil caiu muito e a longevidade aumentou bastante, isto é, a expectativa de vida é muito maior.

Mas se a longevidade está garantida, a qualidade de vida não.

Isto significa que a geração de crianças que está nascendo agora vai ter vida longa mas não necessariamente uma qualidade de vida que valha a pena. E todas as pesquisas científicas atuais mostram que os cuidados prestados à criança nos primeiros anos de vida são essenciais para a saúde futura e que mesmo passada essa fase crítica, a continuidade dos cuidados se faz necessárias. É aí que entra a orientação do pediatra interessado, atualizado e apto a separar a enxurrada de boatos e notícias sem fundamento que você ouve dos vizinhos ou vê na internet.

Assim, vá ao pediatra nas doenças que a criança inevitavelmente terá mas aproveite a oportunidade para receber orientação sobre crescimento, desenvolvimento, alimentação, escolaridade, atividade física, comportamento, vacinação. E mesmo que a criança esteja aparentemente sadia, leve para consulta e orientação de puericultura agendadas já no pré-natal, no nascimento, 1ª semana de vida, com 1,2,3,4,5,6,9,12,15,18,24,30,36,42 e 48 meses e anualmente até os 19 anos.

E antes de ir ao PS contate seu pediatra para orientação e se de todo não for possível contate com ele o mais cedo que for possível para que ele, que conhece melhor a criança, faça o acompanhamento, o que também servirá de experiência para o melhor atendimento nas próximas ocasiões.

Valorize a educação para saúde.

Dr. Jayme Murahovschi

Um comentário em “Coluna dos Acadêmicos

    Sérgio Marcus Pinto Lopes disse:
    fevereiro 15, 2017 às 1:53 pm

    Olá, amigos, na postagem aparece a palavra contijbernal, tirada do dicionário informal. Trata-se de um erro de digitação. A palavra correta é contubernal. Vem de contubérnio.

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